quinta-feira, 6 de novembro de 2008

NAS MONTANHAS

Artur estava sentado na sua cadeira decorada, bebendo um chá de azevinho, quando bateram à porta.
O seu rosto endureceu. Era o Coronel Daniel. Tinha o semblante pálido e mostrava relutância.
-Temos uma mensagem para si, Artur. – Disse Daniel num tom cavo e monocórdico.
Daniel tinha um fato formal, com uma gravata vermelha, tinha também uns óculos escuros, que combinava com o seu nariz aquilino. O Coronel era exímio no manuseamento das armas de fogo.
Daniel parecia desolado.
-O governo tem outra missão para ti. Tens de escalar as montanhas do Oriente e encontrar uma gema, que foi o resultado duma experiência do governo, mas o Doutor T. conseguiu roubá-la e escondeu-a algures, nas montanhas.
As palavras que o Coronel disse doeram-lhe como se lhe tivessem pontapeado as costas.
-Isso é rudimentar! Bastante supérfluo! Não tem nenhum agente que faça o serviço?
Não cause consternações, não seja lampeiro, você sabe que a pessoa indicada para o trabalho. – Disse Daniel, com sarcasmo evidente.
Será feito… – Disse Artur, porém, a vacilar.
Daniel anuiu e foi-se embora.
Artur reflectiu sobre o assunto. Ele já tinha muita idade, porém era vivaço, sagaz e sobretudo muito inteligente.
“Estou incumbido desta tarefa, tenho de estar à altura desta…”
Olhou para o chão imaculadamente limpo por um momento e dirigiu-se ao quarto. Tinha um espelho tosco, pouco trabalhado e olhou para ele. Artur tinha cabelo castanho, tinha o semblante marcado pela sombra matinal dos pinheiros. Envergava uma camisa, um fútil anel, (bem pelo menos parecia) e umas calças pretas.
Por um momento pensou:
“Daniel é meu amigo de infância, mas noto que mudou. Ele, antes de aceitar o trabalho de agente, juntamente comigo, tem andado esquisito e relutante, e noto que já não é tão eloquente como antes. Ele era uma pessoa de muito falar, porém, agora… Mas não o posso censurar…”
Olhou para o chão, baixou-se e palpou uma parte do chão relevante em relação às outras.
Uma estante rodou. Revelava material de campismo, um fato de alpinismo e um mapa.
Esse mapa era praticamente perfeito na sua escrita e ilustração. Parecia um mapa bastante antigo.
Depois de arrumar o material necessário para a viagem, desde material de campismo a víveres, pôs-se a caminho.
Eram 7:30 da manhã, o ar matinal estava fresco e brilhava num tom cor de prata e amarelo. O sol emanava ténues raios de sol amigáveis. Os pinheiros eram lindos, com bastante envergadura, e existiam miríades de gotas de orvalho fresco transparente. No dia anterior, tinha havido um dilúvio de todo o tamanho. O solo estava húmido e macio, perfeito para o crescimento de musgo.
Os peixes nadavam num autêntico frenesim, juntamente com a corrente do rio. Os peixes entravam em uníssono com o rio, devido ao seu tamanho.
Os pássaros voavam felizes, dançando no céu, como quando uma criança vem da escola e abraça a mãe com saudades.
Artur caminhou bastante tempo, contemplando o trabalho da Natureza. Quando foi almoçar, tirou da sua pesada mochila, fruta que tinha trazido para o caminho.
Depois de ter almoçado amoras silvestres, bananas e um pouco de pão com queijo, retomou o caminho.
Abriu o mapa, localizou-se e viu que o caminho mais viável era caminhar para Norte e depois para Leste. Era para evitar uma zona, alvo de bastantes enxurradas.
Cinco dias depois, de almoçar e jantar fruta e pão, de dormir em tendas improvisadas, e de levar inúmeras picadas de mosquito, chegou às montanhas.
Artur olhava para cima, enquanto contemplava as montanhas.
Pensou:
“Bem, lá vou eu para outra das minhas aventuras, é mais uma… Se sair daqui vivo, tenho de escrever um livro sobre isto…”
Dizendo isto, Artur caminhou em direcção às gigantes e desconhecidas montanhas…

Rafael Belchior, nº18,
7ºC

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